quinta-feira, 11 de setembro de 2008

A hora irrepensável

As coisas estão de prova. Os objetos não me deixam mentir. As peças de xadrez me olham de sua desordem. Não sei qual time ganha. O quarto está uma zona. Há livros e roupas esquecidos em lugares, agora assimilo, estratégicos. De lá me vigiam. Não me deixam fugir de meu estado caótico para idílios etéreos. O teto em branco. A luz. Feito chama que se alastra pelo papel. Desapropriando as moradas originais das palavras. Pairam feito gritos, estas. Invoquei-as, na esperança de encontrar sentido ou mesmo entender o que virá depois. Gritei, mas não havia voz. Meu desespero falha. Não consigo sequer dormir. Os gritos me ficam a correr no sangue. Quedas. Sete. (Que bonita a simbologia das coisas!) Querem sair, já birrentos, para um rio maior que se chama Tempo. Onde as coisas todas, os objetos, os gritos, as palavras — toda a verdade que havia em mim — não passa de limbo.